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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Mais do mesmo

Vivemos em um país apaixonado por futebol. Os campeonatos estaduais, o brasileirão, a Libertadores, a Copa do Mundo. Ah, a Copa do Mundo! O país inteiro aguarda ansiosamente para ver uma seleção de craques, eleitos pela comissão técnica após criteriosa análise por todos os torneios mundiais, entrar em campo e representar a nação com garra e habilidade. No final, o que todos queremos, é que o Brasil seja campeão.

Mas nem sempre é assim. Tenho 30 anos e já passei por sete campeonatos mundiais. Dois deles conquistados pelo Brasil. Vitória da equipe, de talentos individuais, da comissão técnica e do povo. Outros perdemos mas, em quase todos, lutamos com garra, atletas e torcida unidos em prol de um objetivo que nos escapou pelas mãos. Em minha opinião, a única exceção foi a Copa de 2006.

Naquele ano tínhamos uma seleção estelar. O famoso quadrado mágico, formado por quatro dos melhores do mundo, era a esperança óbvia de um final feliz. Já nos primeiros jogos a magia do quadrado se desfez. Aos trancos e barrancos fomos avançando, apoiados em nossa história e empurrados pela torcida. Mas o time francês, carrasco de outros tempos, voltou a nos assombrar ao nos eliminar nas quartas-de-final. No momento do gol do adversário, Roberto Carlos virou as costas para o Brasil ao ajeitar sua meia. O país todo guardou aquela imagem como a derradeira, de uma seleção que se apagou.

No final de agosto, no planalto central, outra estrela se apagou. No momento em que o PT, partido que sempre se posicionou como a opção para as velhas lideranças, votou pelo arquivamento das denúncias contra José Sarney (PMDB) no senado, toda uma história de lutas e conquistas foi colocada em cheque. O partido se rachou a ponto de petistas “famosos” renunciarem e Aloísio Mercadante anunciar publicamente que deixaria a liderança do partido no senado para lutar pelo “PT que ele acredita”. Não chegou a tanto. Mas ainda assim deixou a dúvida: será que esse “PT que ele acredita” ainda existe?

Nas últimas eleições presidenciais, unindo-se ao PMDB, o Partido dos Trabalhadores demonstrou fraqueza. Agora, a palavra “fraqueza” já está fraca para ilustrar o novo episódio. Em busca de apoio para a sucessão presidencial de 2010, o PT abre mão de sua ética e moralidade. Já não se pode mais olhar para a estrela vermelha e branca e tê-la como opção de mudança. A estrela hoje, representa apenas mais do mesmo.

Resta saber se esse ato do PT vai ficar na memória da população como o derradeiro de um partido que um dia apontou com propostas inovadoras. A estrela do PT vai precisar de força e tempo para voltar a brilhar na cabeça da população, assim como a da seleção brasileira que, apenas três anos depois, aponta com algum brilho.

>> Texto publicado na coluna Opinião (Página 2) do Jornal de Limeira de 27/08/2009.

1 comentários:

Unknown disse...

Kit
realmente o Trapiche é tudo de bom... na minha opinião o melhor de Salvador....
hummm....

Luciana Randi