Pages

domingo, 13 de julho de 2008

O filho da Bossa

Ai que saudades que eu tenho dos anos 50. O Brasil passava por um período de crescimento comparado ao de alguns países da Europa. A população vivia um clima de euforia, a copa do mundo finalmente era nossa, a moda, a construção de Brasília, o rock´n roll... ops! Nem eu vivi os anos 50 e nem tenho inspiração para escrever uma linha sequer sobre rock´n roll! Mas uma menina que nascia no final da década, em 1958, embalada pela letra de Tom Jobin e Vinícius de Moraes, pela voz de Elizeth Cardoso e pelos acordes de João Gilberto na então estreante Chega de Saudade, essa sim, me inspira. O nome do single que lançou a música eu não lembro. Pesquisando um pouco digo que foi “Canção de amor demais”, muito provavelmente esgotado em LP e nunca lançado em CD. Não sei. Mas o fato é que esse conjunto de encontros inaugurou em 10 de julho de 1958 a Bossa Nova.

Se você entrar em minha casa de sábado ou domingo entre 10 da manhã e duas da tarde, há uma chance considerável de se sentir em Copacabana ou Ipanema, pelo menos por um instante. Se na vitrola, quero dizer iPod, não estivar tocando uma Bossa deve estar tocando algo parecido com isso. A velha Bossa embala nossos finais de semana há pelo menos uma década.

Meus pais cresceram embalados por ela, mas nunca foram entusiasmados consumidores de música. Conhecem bastante coisa e as vezes me surpreendem, ao cantarem a letra de uma música de um novo DVD que comprei. Porém, acho que essa invasão da boa música a minha casa veio pelas mãos de meu irmão. Muito provavelmente inspirado pela namorada dele daquela época que, por circunstâncias da vida, hoje é sua mulher!

A Bossa Nova é um ritmo que beira a sofisticação absoluta pela sua simplicidade. Caetano diz “que aprendemos com João a ser desafinados” para tentar explicar um pouco a essência da bossa. Até hoje alguns estudiosos e músicos dizem que os estrangeiros não conseguem imitar a bossa. Sequer copiar! A simplicidade de “um banquinho, um violão, esse amor e uma canção” é sofisticada. Que outro movimento conseguiria arrebatar um país e logo após o mundo com tão pouco? A bossa não precisou de instrumentos, iluminação, sexo e drogas para chegar lá. Apenas alguns copos de fermentados ou destilados, o velho banquinho e o velho violão. Ah, é claro, Copacabana ou Ipanema como paisagem.

Bem, não me sinto preparado para ir mais longe nesse assunto. Na verdade, no momento, me sinto preparado para descer as escadas, dar play em meu iPod, abrir uma cerveja, sentar na beira da piscina e ler o ótimo especial que o Estadão trouxe ontem sobre a cinqüentona Bossa, que parece que a cada ano fica mais Nova.

1 comentários:

Rodrigo Piscitelli disse...

Via de regra, todo movimento tem seu valor. A questão é considerar os obetivos a que cada um se propõe. Esta ótica não pode ser desconsiderada. A bossa é nossa, é sempre nova, é magnifíca, como também o são o pagode (aquele de raiz, da boemia paulistana ou carioca), o samba, o rock... Sexo, drogas, etc, são conseqüência ou acessórios, nenhum movimento pode ser reduzido a isso.